Na Quinta da Princesa As Mulheres Contam

A QP é um bairro multicultural, do Concelho do Seixal, sendo de intervenção prioritária. Este projeto piloto tem como objetivo geral realizar uma intervenção com as mulheres e raparigas das comunidades da QP, com foco nos eixos da saúde, social e ambiental. Com os OE e através das atividades pretende-se: 1. envolver mulheres de origem africana, de etnia cigana e imigrantes na elaboração de um diagnóstico participativo; 2. construir com estas um programa sobre a literacia em saúde, com vista à sua aplicação; 3. sensibilizá-las para a importância dos percursos educativos e/ou formativos, o desenvolvimento da consciência social e valorização pessoal; 4. estimular a cidadania ativa, mobilizando as comunidades para a limpeza urbana, cuidados de higiene e embelezamento da QP; 5. sensibilizar e envolver as comunidades em iniciativas promotoras da cidadania, dos direitos cívicos, do combate às violências, da comunicação intercultural e da participação comunitária em prol de um bairro saudável.

Objetivos

Objetivo geral e justificação

Realizar uma intervenção qualificada com as mulheres e raparigas das diferentes comunidades da QP, nomeadamente as de origem africana, de etnia cigana, imigrantes e outras, com foco nos eixos identificados como prioritários: saúde, social e ambiental. Justificação: é um projeto piloto, cuja estratégia é envolvê-las num processo de participação comunitária e/ou auto organização, com vista à mobilização para as mudanças de comportamento e atitudes saudáveis na QP. Segundo o Diagnóstico Inicial das entidades parceiras e demais fontes (Diagnóstico Social do Concelho do Seixal, 2015; Amostra obtida pelas entidades parceiras, 2017) destacamos: a) São 1.800 os residentes na QP, maioritariamente dos PALOP, imigrantes de outros países e de etnia cigana. b) Problemas: receio de recurso aos serviços de saúde, risco de propagação da COVID 19, baixo nível de competências pessoais, sociais e escolares, desemprego, instabilidade familiar, elevada degradação do espaço urbanístico e isolamento social.

Objetivo específico 1 e justificação

Envolver mulheres de origem africana, de etnia cigana e imigrantes na elaboração de um diagnóstico participativo (DP) na QP, com vista à identificação de problemas e prioridades de intervenção nos campos da saúde, social e ambiental. Justificação: recorre-se ao DP como ferramenta de cariz comunitário, para que as mulheres alvo expressem os seus problemas e os do bairro; apresentem propostas; validem o processo e se apropriem do mesmo. O DP complementa, igualmente, o diagnóstico inicial construído com as entidades parceiras.

Objetivo específico 2 e justificação

Construir com as mulheres um programa sobre a literacia em saúde, com vista à sua aplicação, tendo em conta o rastreio, a prevenção e a criação de novos hábitos, considerando-se as prioridades identificadas no DP, incluindo a COVID-19. Justificação: não há dados concretos sobre o nº de casos COVID 19, mas sabe-se que se agravou. A população sem médico de família ronda os 30%. Predominam os problemas de hipertensão, diabetes e obesidade. O projeto Saúde Sobre Rodas, do ACES Seixal, que visita quinzenalmente a QP, identifica a carência de informação e comportamentos inadequados quanto à saúde infantil, saúde sexual e reprodutiva. Tem abordado as questões da sexualidade, contraceção e prevenção das IST’s com adolescentes, mas a participação é diminuta e há muitos tabus na população cigana. Em 2019 assinalaram carências socioecónomicas para aquisição de terapêutica e ida aos serviços de saúde. Baixa % de mulheres em idade fértil com consulta de planeamento familiar.

Objetivo específico 3 e justificação

Sensibilizar as mulheres alvo para a importância dos percursos educativos e/ou formativos, o desenvolvimento da consciência social e valorização pessoal. Justificação: A maioria da população adulta possui um baixo nível de escolaridade, correspondente ao 1º ciclo. À data da realização da Amostra (2017), cerca de 45 % da população inquirida estava em situação de desemprego. No CAPA são acompanhadas 36 famílias, sendo 103 beneficiários do RSI, dos quais 36 são crianças e jovens dos 6 aos 26 anos. Especificamente, das 21 famílias de etnia cigana com RSI, 2 são monoparentais femininas e 8 com RSI e POAPMC. Outras Etnias: 4 monoparentais femininas com RSI e 3 monoparentais femininas com RSI e POAPMC. Há muitos/as jovens dos 18 e os 25 anos fora do sistema de ensino e sem um projeto de vida. Os dados sobre a violência e maus tratos das mulheres precisam ser apurados. A sensibilização das mulheres, enquanto trabalhadoras e encarregadas de educação, é estratégica.

Objetivo específico 4 e justificação

Estimular a cidadania ativa no território através da articulação das comunidades com vista à limpeza urbana, cuidados de higiene e embelezamento do bairro. Justificação: a partir do diagnóstico inicial das entidades parceiras e demais fontes (Diagnóstico Social do Concelho do Seixal, 2015; Amostra obtida pelas entidades parceiras, 2017) a QP é considerada um bairro de intervenção prioritária. A maioria dos inquiridos da amostra apontou como problemáticas existentes na QP: a elevada degradação do espaço urbanístico, a falta de limpeza das ruas, de iluminação e segurança, carência de espaços verdes, assim como o isolamento geográfico e social do bairro. Pretende-se, assim, estimular o sentimento de pertença da população ao território, com a participação ativa das/os diversas/os residentes, de diferentes etnias e comunidades, a partir das mulheres enquanto agentes de mobilização e articulação.

Objetivo específico 5 e justificação

Sensibilizar e envolver as comunidades da QP em iniciativas socioeducativas promotoras da cidadania, dos direitos cívicos, do combate às violências, da comunicação intercultural e da participação comunitária. Justificação: de acordo com as entidades parceiras, as celebrações no bairro são realizadas de forma particular por cada comunidade residente, sem o envolvimento das demais. Algumas iniciativas socioculturais, promovidas com o apoio da autarquia, da J. F. de Amora e dos Tutores de Bairro (Projeto Escolhas) não contam com a participação da comunidade cigana entre outras. As singularidades culturais, a diversidade linguística, a falta de comunicação e a ausência de interação entre as/os residentes de diferentes culturas são alguns constrangimentos possíveis. Através iniciativas socioeducativas, da comunicação intercultural e do incentivo à participação das diferentes comunidades pretende-se reduzir estes comportamentos superando barreiras.

Parceria local

Promotora

AMUCIP - Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas
Movimento Democrático de Mulheres

Parceira

ACES Almada Seixal
Municipio do Seixal
Junta de Freguesia de Amora
Centro de Assistência Paroquial de Amora

Território(s) de intervenção

1. Quinta da Princesa

Amora, Seixal

Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:

Mau estado das habitações, por deficiente construção, falta de manutenção ou por estarem situadas em territórios afetados por incêndios nos últimos cinco anos

Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:

Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral

Pessoas com poucos anos de escolaridade

Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social

Pessoas indocumentadas, requerentes de asilo, refugiados, apátridas ou em condições semelhantes

Critério 3. COVID-19

Número significativo de pessoas de risco em caso de COVID-19, nomeadamente idosos e portadores de doenças crónicas

Critério 4. Número significativo de pessoas com constrangimentos de acesso a cuidados de saúde, nomeadamente por:

Falta de condições de mobilidade e transporte

Falta de documentação ou barreira linguística

Falta de capacidade económica para aquisição de medicamentos

Critério 6. Número significativo de crianças e jovens em idade escolar a não frequentar a escola ou com elevada percentagem de insucesso, nomeadamente por:

Abandono escolar

Falta de condições para aceder ao ensino a distância

Atividades

1. Preparação e arranque do projeto

i) Reunião com as entidades parceiras com vista ao arranque do projeto; ii) apresentação do Projeto à Rede Social e comunicação social local e nacional; iii) realização de 6 sessões com as mulheres do bairro, convocadas com o apoio das 3 mediadoras de etnia cigana e de outros/as colaboradores (mediadoras/es do projeto Tutores de Bairro), para a apresentação do projeto, das suas equipas e das participantes. Pretende se envolvê-las no processo do Diagnóstico participativo (DP) com a criação de um grupo colaborativo (GRP). Este GRP será o agente multiplicador junto às diferentes comunidades.