A freguesia de Espinho é o local de eleição concelhio para a fixação de pessoas em situação de sem-abrigo (PSSA), encontrando refúgio entre casas abandonadas e espaços públicos abrigados. Anualmente são identificadas cerca de 40 pessoas. O NPISAE, coordenado pelo Centro Social de Paramos, tenta conciliar a projeção de respostas com os diferentes ciclos de vida, escolhas e ritmos, sendo exemplo habitação de curta/longa duração, medidas extraordinárias face à pandemia, gestão de casos, lavandaria, balneário, equipa de rua, apoio alimentar, entre outros. Com o foco nas pessoas (que resistem a criar uma alternativa à rua e/ou que não se reveem nas respostas existentes) e nas suas histórias de roubos/vandalização dos pertences, propõe-se a criação de um espaço seguro com armários individuais, onde se incentive a promoção da saúde, distribuição de material de proteção face ao COVID-19 e acompanhamento biopsicossocial.

- Contribuir para melhorar a qualidade de vida das PSSA, reduzindo os riscos inerentes à situação de sem-abrigo. Através da disponibilização de um espaço seguro e abrigado (armários) onde as pessoas possam guardar os seus pertences, pretende-se prevenir que as PSSA estejam expostas a roubos e atos de vandalismo o que pode destabilizar a pessoa a vários níveis. Por outro lado, espera-se reforçar as outras respostas existentes na rede local e impulsionar o acesso ao sistema formal de apoio. Nesta fase pandémica, fazer ainda ponte com a promoção da saúde, por uma atitude preventiva: vigilância da temperatura, higienização de mãos, uso de máscara, acesso reforçado de cuidados de higiene. Acredita-se que respostas eficazes de emergência podem incentivar o acesso a respostas mais exigentes e ambiciosas no futuro.

- Proporcionar a pelo menos 20 pessoas em situação de sem-abrigo o acesso a um espaço onde possam guardar os bens pessoais. Através da larga experiência do CSP na intervenção junto de PSSA (cerca de 19 anos), sabe-se que é essencial que a aceitação incondicional, o pragmatismo e o humanismo norteiem a nossa ação para aumentar a probabilidade de sucesso. Todos os anos são identificadas pessoas em situação de sem-teto que rejeitam/não se reveem nas alternativas apresentadas e disponíveis para sair da rua e amontoam-se os desabafos de roubos e atos de vandalismo aos seus pertences, pelo que se tornou essencial disponibilizar um espaço onde os possam guardar. Pretendemos reduzir esse fator de stress às pessoas que se encontram nesta situação, para que possam deslocar-se e dedicar-se a outros afazeres sem a preocupação de ficarem sem as “suas coisas”. Auscultámos 10 pessoas que consideraram este serviço de extrema relevância.

- Aumentar a sensação de segurança junto de pelo menos 20 pessoas em situação de sem-abrigo. Reconhecendo que a situação de sem-abrigo gera instabilidade, insegurança e medo, pretendemos reduzir esses fatores de risco. Acreditamos que ao permitir que as pessoas tenham um lugar seguro onde guardar os seus bens e, sendo esse lugar o mesmo onde já realizam as refeições, iremos contribuir para aumentar a sensação de segurança e até de maior bem-estar junto das pessoas acompanhadas. Por conseguinte, espera-se que esta mudança permita uma predisposição para mudanças subsequentes.

- Educar para a saúde, de forma a contribuir para a prevenção de doenças infeciosas (COVID-19, Hepatites, Tuberculose, VIH, entre outras). (n=20) No Plano Local de Saúde 2017-2020 do ACES Espinho-Gaia evidencia-se como um estilo de vida não saudável relevante o consumo de álcool problemático/abusivo, sendo um determinante de saúde bastante presente nas pessoas em situação de sem-abrigo e associado às doenças infeciosas acima elencadas. Deste modo, é intenção que em todos os contactos com as pessoas (seja através das entidades parceiras, seja através da entidade promotora) haja investimento na educação para a saúde, como elemento de motivação para estilos de vida mais saudáveis.

- Distribuir junto de pelo menos 20 pessoas em situação de sem-abrigo um kit de prevenção COVID-19 (3 máscaras, 1 frasco álcool-gel, toalhetes desinfeção, 1 termómetro axilar). Considerando a realidade pandémica e o objetivo anterior parece-nos essencial facilitar o acesso a material de proteção já que é uma realidade a dificuldade das pessoas em situação de sem-abrigo neste sentido. A rede local (sociedade civil e entidades públicas) também não tem planeada nem viabilidade para garantir esta distribuição às PSSA, pois os stocks existentes centralizam-se na proteção dos/as profissionais. No entanto o sucesso da educação para a saúde também passa por dar acesso aos materiais e ensinar a usar, insistindo diariamente nas medidas de proteção.

- Concretizar acompanhamento e encaminhamento biopsicossocial de pelo menos 70% das pessoas contactadas para outro serviço da rede local. Estando esta iniciativa interligada em NPISAE com outras atividades complementares e que acompanham as diferentes fases da situação de sem-abrigo, estará sempre presente na intervenção e nos contatos com as pessoas a ponte com outros serviços que possam dar resposta às restantes necessidades identificadas ou até alavancar uma alternativa à rua. Por se tratar duma população flutuante em que os contactos nem sempre são fáceis, prevê-se a aquisição de material informático e de comunicação para ser possível em tempo real encaminhar para consultas, atendimentos, ou outros serviços; proceder a registos (caraterização, sinalização,…) e check-in, reduzindo ainda o recurso a papel.

Centro Social de Paramos

Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa - Espinho
Município de Espinho
CRI PORTO CENTRAL-DICAD-ARS NORTE I.P.
Consultoria e Intervenção por Pares
Fábrica da Igreja da Freguesia Paróquia de N. Sr. d'Ajuda de Espinho
Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências