Biblioteca Viva

“Biblioteca Viva” (BV) pretende implementar no Bairro Padre Cruz (BPC) uma metodologia de ação que visa desafiar estereótipos, preconceitos e descriminação. É em si também uma ferramenta de Educação Não-Formal importante dentro da educação contra o Discurso de Ódio. Funciona como qualquer outra biblioteca, consultas o catálogo, escolhes um livro que queiras ler, requisitas por um período determinado de tempo e devolves nas mesmas condições em que te foi emprestado. A única grande diferença é que numa BV, os livros são pessoas e ler significa uma conversa! A metodologia (apresentada pelo Conselho da Europa) pretende ser inclusiva e aludir ao caleidoscópio da diversidade e respeito por valores comuns como a promoção dos Direitos Humanos. Acreditamos que somente estando em contacto com a diversidade, os seus participantes podem compreendê-la e ultrapassar qualquer obstáculo ou entrave à sua celebração.

O grande objetivo da “Biblioteca Viva” (BV) é desafiar estereótipos, preconceitos e até descriminação subjacente através de uma conversa entre Livro e Leitor/a. Dizem várias investigações que a melhor forma de desconstruir um estereótipo é criando empatia entre pessoas (de grupos diferentes), sendo desta forma a “BV” o perfeito exemplo de como fazê-lo. O funcionamento é como o de qualquer outra biblioteca (sendo que aqui privilegiamos os espaços ao ar livre, neste caso o largo principal do bairro). Basta escolher um livro, requisitar por um período de tempo e devolver nas mesmas condições em que foi emprestado. A única diferença é que numa BV, os livros são pessoas e ler significa ter uma conversa. As conversas, pretendem ser inclusivas e abordar o maior número de estereótipos possíveis, (cada livro, uma temática) contados na primeira pessoa, pelo impacto que têm na vida de alguém. Este pretende ainda ser um espaço seguro tanto para os livros quanto para leitores.

Uso saudável de espaços públicos no Bairro Padre Cruz e promoção do espírito de comunidade O evento pretende revitalizar o uso de um espaço público (praça principal) dentro do bairro de forma a convidar a comunidade local a integrar e participar numa atividade específica (BV) com duração de um dia. A atividade (BV) desenrola-se ao longo de várias horas com calendarização específica dos horários possíveis de leitura para cada um dos livros, sendo que cada livro poderá fazer até um máximo de 3 rondas. Assim sendo, e atendendo a um número médio de 10 livros por evento, num máximo de 45minutos por ronda (com máximo de 3 leitores), as leituras deverão desenrolar-se num período médio de 4h. Ao evento, estender-se-á um momento de partilha gastronómica intercultural que possibilitará o valor acrescentado de aproximar a comunidade também aos vários voluntários internacionais que a SPIN acolhe, além de ser um momento informal interessante para juntar livros e leitores.

Promoção da Educação Não-Formal (ENF) A ENF é uma metodologia educativa com princípios basilares que fortalece e promove as aprendizagens ao longo da vida em contextos diversos, na maioria dos casos promovida por organizações do terceiro sector. Dos seus vários princípios destacamos a “horizontalidade” das aprendizagens que permite que possamos aprender uns com os outros na medida em que todos temos conhecimentos/competências/habilidades diferentes que podem ser partilhadas de igual para igual. A “participação voluntária” no sentido em que todos são bem-vindos se quiserem integrar e participar no evento, coadunada com uma “responsabilidade partilhada” em que o projeto dá o seu contributo, mas cada participante tem também a responsabilidade de retirar dele o que mais sentido lhe faz no momento. Desta forma e baseada neste e outros princípios, há uma intencionalidade muito específica na aprendizagem implementada para dar oportunidade aos aprendentes de chegarem aos objetivos.

Promoção de atividades inclusivas valorizando o respeito por valores comuns como a promoção dos Direitos Humanos e da Dignidade Humana, conceitos interdependentes e indivisíveis. A centralidade da BV prende-se com a escolha de um conjunto de estereótipos e preconceitos que possam ser abordados em determinada comunidade com o intuito de desafiar ideias pré-estabelecidas sobre determinados grupos de pessoas, mostrando a diferença das histórias individuais e o impacto que as representações dos outros têm sobre a vida destas pessoas, muitas das vezes passando da esfera das ideias/pensamentos à esfera da ação violenta. Assim, ao abordar temáticas específicas, recorrendo a metodologia própria, com objetivos estabelecidos, envolvido em linguagem/ação inclusiva, pretendemos trabalhar neste evento questões relacionadas com a promoção dos Direitos Humanos e alertar para a questão da Dignidade Humana que é fundamental e subjacente a qualquer indivíduo.

Consciencialização da comunidade (jovens em particular) para os estereótipos/preconceitos e as suas consequências negativas Dar a conhecer à comunidade em geral e aos jovens em particular, histórias de pessoas (numa perspetiva de horizontalidade na aprendizagem entre pares), provenientes de contextos semelhantes, cuja experiência de vida foi particularmente impactada não só pelas representações e estereótipos/preconceitos, mas também pelas ações baseadas nesses mesmos preconceitos, culminando na discriminação (de grupos específicos como sejam pessoas lgbtqi+, pessoas portadoras de deficiência, pessoas em condição de sem abrigo..). Histórias particulares contadas na primeira pessoa através de um “livro” que não é obrigado a partilhar a sua identidade se não o quiser fazer, contadas em sessões de tempo circunscritas e no máximo a 3 leitores em cada ronda que possibilitarão enfatizar a singularidade de uma experiência acima de uma ideia de grupo e desmistificar pre-conceitos.

Educar para a diferença Um dos grandes pilares da BV é desconstruir e aproximar diferenças de forma a reforçar a ideia de que é mais o que nos aproxima do que aquilo que nos separa enquanto seres humanos. Para tal, acreditamos que fomentar espaços seguros onde se possam viabilizar conversas que fomentem a aproximação de pessoas que possivelmente por muito motivos não teriam oportunidade de se sentar e dialogar, é em si uma conquista no que toca à criação de ambientes saudáveis.

Associação Spin para o Intercâmbio, Formação e Cooperação entre os Povos

Associação Nacional de Futebol de Rua