N. 422/2020

Tipo de projeto e valor máximo de financiamento

Projeto integrado (máximo 50.000 Euros)

Eixos de intervenção em que se enquadra o projeto

Financiamento

Valor solicitado

50.000,00 €

Valor de outros financiamentos

0,00 €

Valor total

50.000,00 €
Mapa de localização da candidatura


Mapa das candidaturas financiadas


Saudinha

O projeto pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cerca de 300 residentes no Bairro Social do Cabeço, Tortosendo, onde se inclui uma comunidade cigana. Do ponto de vista dos equipamentos comunitários, o bairro é marcado por uma extensa área impermeabilizada e pela ausência de espaços verdes e de lazer. Propomos a qualificação do espaçoso exterior, criando jardins, zonas de convívio, recreação e desporto que potenciem a dinamização da vida comunitária, a cidadania e estilos de vida saudáveis, capazes de conferir maior resiliência à população e de responder a dificuldades agudizadas pela pandemia Covid-19. Estes espaços comunitários qualificados e concebidos de forma participativa, irão diminuir as tensões oriundas na exclusão social e agravadas pelo confinamento. O envolvimento dos residentes neste processo reforçará o empoderamento das mulheres já que são elas quem mais se tem envolvido no melhoramento dos espaços comunitários em anterior intervenção da CooLabora.

Objetivos

Objetivo geral e justificação

Aumentar a qualidade de vida de pessoas residentes no Bairro Social do Cabeço, através da melhoria dos espaços comuns exteriores, dotando-os de condições para a convivialidade, lazer, prática de desporto e sentido de comunidade. Esta proposta sustenta-se num processo participativo prévio da comunidade e na constatação de que neste bairro não existem espaços verdes, condições para a prática do desporto, bem como espaços para lazer, recreio e convivialidade. Trata-se de um bairro com espaços exteriores descaracterizados, com grandes áreas impermeabilizadas por betão, sem paisagens vivas, como jardins ou parque infantil, onde vivem pessoas em situação de exclusão social, incluindo uma comunidade cigana. Nos 148 fogos deste abundam os baixos rendimentos, o desemprego e emprego precário, beneficiários do RSI, pessoas idosas com pensões baixas e com doenças crónicas e ainda crianças e jovens com taxas de insucesso e abandono escolar elevadas.

Objetivo específico 1 e justificação

Promover a saúde das pessoas residentes do Bairro Social do Cabeço através da criação de áreas verdes em espaços exteriores não impermeáveis, como os jardins comestíveis, em consociação com árvores autóctones. Com recurso a workshops de permacultura, criar jardins e difundir boas práticas na gestão de espaços verdes, com envolvimento da comunidade, nomeadamente a escolar. Por se tratar de um local onde já se iniciou a construção de um jardim comestível com o envolvimento da população, nomeadamente mulheres, consideramos ser de grande importância dar continuidade a esta intenção e generalizar o trabalho aos restantes espaços não impermeabilizados, procurando atender ao objetivo dos moradores e criar espaços verdes capazes de dotar o bairro de um microclima favorável à presença das pessoas na rua e de uma paisagem viva promotora da saúde. Para garantir uma maior sustentabilidade destes espaços pretende-se recorrer a técnicas da permacultura.

Objetivo específico 2 e justificação

Promover o desporto entre as crianças e jovens residentes no Bairro através da criação de espaços para a prática desportiva, como campo multiusos, equipado para desportos como o futebol e basquetebol de rua, e outros jogos tradicionais intergeracionais e inclusivos. O Bairro Social do Cabeço acolhe famílias com crianças e jovens em idade escolar, com uma taxa elevada de insucesso e absentismo escolar, em situação de pobreza e com falta de oportunidades de acesso a experiências enriquecedoras, como atividades lúdicas, desportivas e culturais passíveis de lhes proporcionar modelos positivos. Têm falta de participação em atividades que aumentem a sua auto-estima e lhes proporcionem estilos de vida saudáveis. Estes novos espaços e equipamentos exteriores contribuirão para a aprendizagem de regras de socialização, o aumento da concentração, da assertividade e do ganho de competências pessoais e sociais indutoras do sucesso escolar.

Objetivo específico 3 e justificação

Promover o lazer, sentido de comunidade e a sociabilidade em espaços comuns do Bairro do Cabeço, com a criação de zonas de lazer e serviços comunitários (forno comunitário, grelhadores, tanque), jogos de mesa, pequeno anfiteatro e parque infantil/sensorial. Geograficamente afastado da vila, esta localização agudiza a exclusão social dos seus residentes que se vêem privados de infraestruturas comunitárias, de serviços e equipamentos básicos que incentivem a convivialidade e o sentido de comunidade. Procura-se assim, potenciar o sentimento de comunidade, devolver o espírito de vizinhança e entreajuda e criar paisagens vivas e vividas que devolvam a dignidade às pessoas, concorram para quebrar o estigma e que favoreçam a saúde física e mental das pessoas em situação de maior vulnerabilidade económica e social. A qualificação permitirá que as famílias nestes contextos tenham lugares aprazíveis em tempos de confinamento, capazes de atenuar conflitos familiares.

Objetivo específico 4 e justificação

Promover informação sobre saúde, como alimentação, planeamento familiar, riscos da automedicação, vacinação, gravidez, doenças contagiosas como Covid-19, entre crianças e jovens e familiares de forma a combater a desinformação e promover uma maior consciencialização sobre medidas de saúde preventiva. Vivem nestes bairros famílias de etnia cigana que têm uma esperança média de vida de menos 15 anos em relação à restante população portuguesa, com problemas de hipertensão, oncologia e insuficiência renal sérios, com hábitos alimentares muito deficientes, casos de gravidez prematura e com hábitos de automedicação para os quais urge consciencializar. Associado a estes problemas, os estilos de vida muito sedentários e os parcos rendimentos condicionam o acesso a condições de vida mais saudáveis. Este cenário faz com sejam, numa conjuntura de Pandemia provocada pelo Covid-19, um grupo especialmente vulnerável.

Objetivo específico 5 e justificação

Promover o convívio com momentos de celebração em comunidade. Com o objectivo de explorar o uso dos espaços criados, para assinalar as conquistas das fases de requalificação com a comunidade e de modo a envolver as pessoas pretende-se celebrar em Festa do Bairro. Tratando-se o Bairro de um local sobre o qual recai o estigma dos bairros sociais degradados e estereótipos sobre as populações que lá vivem, nomeadamente a comunidade cigana, pretende-se implicar a comunidade residente e não residente em eventos culturais que permitam a partilha de culturas, o diálogo intercultural e a vivência de momentos em festa.

Parceria local

Promotora

CooLabora, CRL

Parceira

Mulheres na Arquitectura
Município da Covilhã
Junta de Freguesia de Tortosendo
Unidos Futebol Clube Tortosendo
Associação Humanitária Beira Aproxima

Território(s) de intervenção

1. Bairro Social do Cabeço

Tortosendo, Covilhã
Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:
Mau estado das habitações, por deficiente construção, falta de manutenção ou por estarem situadas em territórios afetados por incêndios nos últimos cinco anos
Desadequação severa dos espaços comuns
Ventilação e iluminação solar insuficientes ou baixo conforto térmico e acústico
Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:
Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral
Pessoas com poucos anos de escolaridade
Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social
Critério 3. COVID-19
Número significativo de pessoas de risco em caso de COVID-19, nomeadamente idosos e portadores de doenças crónicas
Critério 4. Número significativo de pessoas com constrangimentos de acesso a cuidados de saúde, nomeadamente por:
Falta de capacidade económica para aquisição de medicamentos
Critério 6. Número significativo de crianças e jovens em idade escolar a não frequentar a escola ou com elevada percentagem de insucesso, nomeadamente por:
Abandono escolar
Falta de condições para aceder ao ensino a distância
Critério 7. Exclusão social
Número significativo de pessoas em situação de exclusão social, isolamento ou abandono, nomeadamente idosos, pessoas em situação de sem abrigo ou vítimas de tráfico

Atividades

1. Oficina Viva o Bairro

Espaços semanais de construção em comunidade, orientados por profissionais para a criação dos espaços verdes, a construção de parklets, do jardim sensorial, campo multiusos/jogos tradicionais. A dinamização destas oficinas coletivas, partindo dos objetivos e do desenho do projeto, envolve pessoas com saberes na comunidade numa lógica de aprendizagem e de cooperação. Facilitarão a apropriação dos espaços, a colaboração nas fases de qualificação e o sentimento de comunidade. É dinamizada no bairro social com o apoio dos parceiros e corresponderá à implementação do projeto no terreno.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

2. Ajudadas

Criação de espaços para aprendizagem de boas práticas agroecológicas na criação e manutenção de espaços verdes. Com recurso a uma formadora pretende-se fomentar a co-construção de modo a garantir a continuidade do processo de manutenção dos espaços, seguindo os princípios dos jardins ecológicos de base da permacultura. Baseadas em metodologias experimentais, do aprender fazendo, em fase de implementação do projeto, as ajudadas são a melhor garantia da sustentabilidade do trabalho do projeto, e ainda reforçam o sentido de comunidade e de pertença. Realização de 6 workshops no bairro social.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

3. Tertúlias ComUnidade

Espaço mensal de partilha de ideias e de debate entre a comunidade e equipa do projeto para definição do desenho da intervenção e análise das propostas de melhoria. Serão momentos promotores da discussão implicando a comunidade em iniciativas de rua. Servirá para auscultar as pessoas relativamente às suas necessidades e expetativas face ao projeto e envolvê-las, criando a confiança e laços necessários ao bom funcionamento do projeto. Conta com o envolvimento da parceira Mulheres na Arquitectura, responsável pelo Estudo Prévio e projeto final.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

4. PraticaMente

Espaço de oficinas para construção de equipamentos desportivos, entre estes os jogos tradicionais intergeracionais e inclusivos envolvendo os residentes e outras pessoas da comunidade com aptidões para os trabalhos a desenvolver, nomeadamente jogos de madeira e jogos cooperativos. A atividade semanal corresponde à fase de implementação do projeto e realização de obras de qualificação dos espaços exteriores afetos ao desporto e recreação, sendo desenvolvida com apoio técnico de Mulheres na Arquitectura e Unidos Futebol Clube do Tortosendo.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

5. Craques da rua

Espaço de aprendizagem das regras de jogo e testagem dos jogos de rua com o apoio de professores e treinadores de várias modalidades e com as pessoas mais velhas que ajudarão a recuperar jogos tradicionais de rua. Craques da rua procura fomentar o gosto pelas práticas desportivas, a apropriação do espaço e hábitos de vida saudáveis. A atividade permitirá a realização de treinos e formação de equipas entre pessoas do bairro e da restante comunidade e conta com o apoio dos Unidos Futebol Clube do Tortosendo.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

6. Saúde Consciente

Sessões de informação e workshops práticos no bairro sobre diversas áreas da saúde, nomeadamente: alimentação, planeamento familiar, automedicação, vacinação, medidas de segurança Covid-19. Serão desenvolvidas por profissionais e pretendem apelar a comportamentos saudáveis, a uma maior consciência para hábitos de alimentação e estilos de vida preventivos de doenças. Dinamizar-se-ão 5 sessões de informação e 5 workshops ao longo do projeto. 5 serão dedicadas a crianças/jovens e 5 a adultos. Jovens estudantes de medicina (Entre Mundos) farão parte da estratégia para chegarmos aos mais novos.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade

7. Alto Bairro

Momentos de celebração nos finais das etapas, com jogos desportivos, jogos colaborativos, torneios, manifestações culturais e tertúlias ComUnidade. A CooLabora tem vindo a trabalhar com a comunidade residente neste bairro e fez já levantamento dos jogos tradicionais ciganos, o que permitirá difundi-los de forma prática entre os moradores e visitantes nestes momentos. Para além destes, outros jogos colaborativos caraterísticos do Tortosendo serão recriados de modo a enaltecer o diálogo intercultural. Realização de 6 festas Alto Bairro, com implicação das populações e parceiros do projeto.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Mulheres, Famílias, Toda a comunidade