Bairros ConVida
Bairros ConVida visa a promoção do contacto regular da comunidade com a natureza. Desenvolvido pelo CASPAE, IPSS de Coimbra, tem como parceiro formal o Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel, abrangido pelo Programa TEIP, e parceiro informal a Associação de Jovens CódigAtomiko. Tem apoio da Junta de Freguesia de Eiras e do Projeto Trampolim E7G. Este surgiu da iniciativa das crianças da comunidade e foi articulado com os parceiros e apoios, com experiência de intervenção no território. Com implementação prevista no Planalto do Ingote, área económica e socialmente desfavorecida, visa promover a valorização, recuperação e manutenção das áreas de natureza pela comunidade. É dada primazia à criação de redes de vizinhança e de colaboração, que se envolvem no objetivo comum: qualificação do espaço público comum, com a valorização da natureza, enquanto espaço de brincar, de combate ao insucesso escolar, de desenvolvimento pessoal e de promoção da cidadania, saúde e bem-estar da comunidade
Objetivo geral e justificação
Bairros ConVida visa promover o contacto regular das crianças, jovens e suas famílias com a natureza, envolvendo os intervenientes em ações de qualificação e fruição do espaço público comum, em específico, espaços natureza. Pretende-se, assim, recuperar o valor do espaço natureza Planalto do Ingote: desenhar e implementar alterações topológicas num espaço natureza da comunidade, criando áreas e momentos de lazer e educação, com horta e forno comunitários, área de piquenique, áreas de brincar/explorar e desportiva. Desde o seu desenho, conta com o envolvimento da comunidade, com a participação ativa de associações de jovens, de moradores, das crianças e da escola e projetos de intervenção na comunidade. Estudos nacionais e internacionais (e.g. Figueiredo, 2014) comprovam os benefícios do contacto regular das crianças e jovens com a natureza, para a saúde e bem-estar (Bohling, Saarela & Miller, 2012; Ruebush, 2009; Taylor, Kuo & Sullivan, 2001) e para a educação, nomeadamente a ambiental
Objetivo específico 1 e justificação
Potenciar o desenvolvimento da saúde e do bem-estar, bem como da promoção de estilos de vida saudáveis e da coesão social, através de ações pedagógicas, de iniciativas desportivas, de lazer e de cidadania no espaço natureza, planeado e requalificado pelos elementos da comunidade, em articulação com a escola. Estudos referem que brincar na natureza é a melhor forma de ajudar as crianças a tornarem-se fisicamente ativas, promovendo a prática de atividade física regular, a aptidão motora, e, portanto, uma vida saudável (American Academy of Pediatrics, 2006). Estudos comprovam ainda que a atividade regular na natureza pode reduzir/superar os sintomas Perturbações de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) (Kuo & Taylor, 2004 citado por Godbay, 2009; Taylor, Kuo & Sullivan, 2001). Além disso, das crianças que realizam atividades ao ar livre, 78% são mais capazes de se concentrar e 75% tendem a ser mais criativas e mais capazes de resolver problemas (Webster, 2011).
Objetivo específico 2 e justificação
Promover o reforço das relações sociais e da inclusão social, de redes solidárias de vizinhança, bem como criar um sistema experimental de produção de alimentos biológicos. A criação de hortas comunitárias urbanas tem evidenciado impacto positivo para a inversão da tendência de aumento da degradação social/ambiental dos centros urbanos, assim como na economia familiar (e.g. Barata, Albuquerque & Simão, 2019). O impacto do envolvimento da comunidade na criação/manutenção desses espaços tem-se verificado positivo no reforço das relações sociais e da inclusão social, já que se têm evidenciado como oportunidades facilitadoras do estreitamento das relações de vizinhança e sentido de comunidade (Holland, 2004; Poulsen et al., 2014; Shan y Walter, 2015). Trata-se, portanto, também, de um processo de alavancagem de novas formas de cooperativismo e, simultaneamente, de promoção do acesso a bens alimentares essenciais, envolvendo ainda a colocação de um forno comunitário.
Objetivo específico 3 e justificação
Promover a consciência e a responsabilidade ambiental, bem como a educação para a sustentabilidade junto da comunidade, por meio de ações de planeamento, intervenção e fruição do espaço público natureza comunitário. A UNESCO (2008) apresenta a educação enquanto melhor fonte de esperança para a preservação ambiental, mediante o desenho e implementação de processos de educação para a sustentabilidade. A empatia pela natureza surge de um contacto regular das crianças com o mundo natural (White & Stoecklin, 2008). O contacto direto e regular com a natureza permite que as crianças tenham experiências positivas, que condicionam o seu comportamento perante a natureza. Estas experiências sensibilizam as crianças sobre os problemas ambientais, tornando-as indivíduos preocupados com o mundo natural ao longo da vida (Ewert, Place & Sibthorp, 2005). A influência das crianças na família pode ser um fator promotor de alteração de hábitos de forma alargada, instruindo sobre as questões ambientais.
Parceria local
Promotora
Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola nº10 - CASPAE
Parceira
Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel
Território(s) de intervenção
1. O Planalto do Ingote em Coimbra agrega cinco bairros três dos quais são Municipais com características sociais: Bairro da Rosa, Bairro do Ingote (ex FFH ou ex IGAPHE) e Bairro António Sérgio, estimando-se que residem nestes aproximadamente 1800 pessoas
Eiras e São Paulo de Frades, Coimbra
Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:
Ventilação e iluminação solar insuficientes ou baixo conforto térmico e acústico
Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:
Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral
Pessoas com poucos anos de escolaridade
Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social
Critério 3. COVID-19
Número significativo de pessoas de risco em caso de COVID-19, nomeadamente idosos e portadores de doenças crónicas
Critério 6. Número significativo de crianças e jovens em idade escolar a não frequentar a escola ou com elevada percentagem de insucesso, nomeadamente por:
Falta de condições para aceder ao ensino a distância
Critério 7. Exclusão social
Número significativo de pessoas em situação de exclusão social, isolamento ou abandono, nomeadamente idosos, pessoas em situação de sem abrigo ou vítimas de tráfico
Atividades
1. Seleção e limpeza do espaço natureza
Seleção e limpeza do espaço natureza da comunidade - envolve várias sessões de identificação das necessidades, planeamento e ações de limpeza. Conta ainda com o planeamento, criação e colocação de contentores de reciclagem, de lixo comum, e um compostor, assim como de placas informativas e de sensibilização da população para a promoção de hábitos de separação de resíduos e assim melhorar a limpeza urbana.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
2. Planeamento e construção de zonas de lazer e desportiva, na área em intervenção
Planeamento/construção de áreas de lazer: área de exploração da natureza, de piquenique e circuito desportivo. Envolve o planeamento, orçamentação, compra e construção de elementos, possui um caráter educativo articulado com os objetivos curriculares. Pretende-se desenvolver sessões, com a participação de crianças/jovens e comunidade, que articulem as aprendizagens curriculares, a educação ambiental, a prática de atividade física na natureza e a educação para a cidadania. Valoriza a aprendizagem pela prática e a abordagem significativa dos conteúdos, contribuindo o sucesso escolar.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Adultos (25 a 64 anos)
3. Criação e manutenção de uma horta comunitária urbana
Desenvolve-se em sessões de frequência semanal: planeamento da área de cultivo, análise/seleção de produtos a cultivar, criação e manutenção da horta, tratamento e apoio à distribuição. Estão previstas oficinas junto da comunidade. Os produtos produzidos serão de consumo da comunidade, nomeadamente com confeção de alimentos em encontros da comunidade. Para o tratamento de excedentes, estão previstas sessões de confeção e distribuição de cabazes pela comunidade. Para tal, serão identificadas as famílias económica e socialmente afetadas pela pandemia COVID-19, como prioritárias.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
4. Colocação de forno comunitário e oficinas para a sua utilização
Envolve a colocação de um forno comunitário, bem como oficinas, dinamizadas por elementos da comunidade, para a correta utilização do mesmo para a confeção de diferentes produtos (pão, pratos típicos das culturas de proveniência das famílias, entre outros). Prevê-se um momento de inauguração, bem como sequentes sessões que permitam a utilização deste em articulação com a coleta das produções da horta comunitária urbana, ao longo do ano.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
5. A escola na natureza
Fruição e utilização do espaço natureza enquanto local de desenvolvimento de aprendizagens académicas, do desenvolvimento pessoal e social e da prática de atividade física e, portanto, de combate ao abandono e insucesso escolar. Desenvolve-se de forma transversal com as restantes ações, tem prevista a articulação com a escola, com sessões em período letivo, de frequência semanal. Envolve ainda sessões em período de férias letivas, em colaboração com o Centro de Apoio à Família, com vista à manutenção do espaço natureza e da rotina da frequência do espaço natureza pelas crianças/jovens.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Adultos (25 a 64 anos)
6. Desporto ao ar livre
Desenvolve-se em sessões semanais de prática desportiva ao ar livre: com crianças, jovens e a comunidade em geral. Estas envolvem a utilização dos circuitos criados na natureza, bem como a recolha das necessidades/interesses dos participantes para a sua constante reconstrução/manutenção. Conta com a introdução de equipamentos ao longo do ano, para manter o espaço como motivador à prática de atividade física regular. Os equipamentos a introduzir são, preferencialmente, construídos pelos participantes, optando-se pela utilização de madeiras e materiais não sintéticos, sempre que possível.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade