O Bairro de Nossa Senhora do Castelo é habitado por 80 famílias (184 indivíduos), nas quais podemos constatar a existência de um certo equilíbrio entre os pertencentes à etnia cigana (50%) e não cigana (50%). A consciência de pertença a um bairro social confere aos seus habitantes uma noção de exclusão social, senão assumida, pelos menos implícita. Desta situação decorre a marginalização e a automarginalização destes indivíduos, cuja consequência é uma intensa conflitualidade, na relação uns com os outros e com a comunidade em geral. Verificou-se que o Bairro está desprovido de um local de cariz educativo/lúdico para as suas crianças e que as mesmas experienciaram uma dificuldade notável em aceder às aulas online, durante o confinamento. O LIGA-TE! propõe-se a dotar o Bairro de novos equipamentos sociais, procurando dar resposta a processos de integração e desenvolvimento social contemporâneos, começando pelas crianças e jovens enquanto elementos fundamentais de mudança.

O projeto tem por objetivo geral promover a intervenção local e a participação democrática das comunidades ciganas, não descurando a alavancagem de parcerias para desenhar e implementar estratégias de aproximação entre as referidas comunidades e a sociedade maioritária. Desta forma, o LIGA-TE! incide, especialmente, na promoção da escolarização e participação cívica dos membros da comunidade cigana, através da promoção de oportunidades que reforcem as capacidades e os interesses de cada um. No bairro visado é patente o entendimento comum dos residentes de que não existe qualquer intervenção naquele território por parte dos órgãos de gestão local. Pretende-se, portanto, contrariar esse sentimento e fomentar a consciência de acesso a igualdade de oportunidades no local. Não obstante, o projeto procura viabilizar o sentimento de pertença à comunidade, uma vez que permite aos residentes que beneficiem do mesmo equipamento que outros bairros/aldeias.

O projeto almeja contribuir significativamente para a socialização das crianças do bairro, estimulando a saúde física e psicológica das mesmas, coadjuvando na desconstrução de estereótipos, numa perspetiva de promoção de igualdade de género e de oportunidades. Através de uma ação de voluntariado efetuada no território, durante o verão, pela entidade promotora e pela entidade parceira, foi possível verificar que uma das principais preocupações era a não existência de um local com cariz educativo/lúdico/didático para as crianças do território. As crianças e jovens do bairro encontram-se em situação de risco e em eminente processo de exclusão social. Existe, portanto, a necessidade de investimento em equipamento para este público-alvo, principalmente, quando este tipo de equipamento existe em tantos outros bairros e aldeias com taxas de natalidade bem inferiores ao visado nesta candidatura.

O projeto pretende combater os elevados índices de absentismo e abandono escolar, bem como o insucesso e exclusão escolar das crianças e jovens das comunidades ciganas. A população do bairro caracteriza-se por fracos níveis de escolaridade, denotando-se uma desvalorização do papel da instituição escola na construção dos indivíduos e do seu projeto de vida (representação cultural negativa da escola nas comunidades ciganas). Através da ação de voluntariado efetuada já mencionada, foi ainda possível a tomada de consciência acerca da dificuldade que as crianças do bairro experienciaram quando passaram para o regime de aulas a distância, devido à pandemia. A verdade é que, num ensino cada vez mais digital, os bastantes problemas de rede relatados, contribuem para que estes alunos/as fiquem, inevitavelmente, para trás e em desvantagem. Não obstante, o projeto dá, também, um passo no sentido de reduzir a exclusão digital, proporcionando uma maior massificação do acesso à internet.

ACCIG-Associação Cultura, Conhecimento e Igualdade do Género

UNIÃO DAS FREGUESIAS DE MANGUALDE, MESQUITELA E CUNHA ALTA