Laboratório de Inovação Comunitária - LIC
A degradação do Barreiro Velho, o sentimento de abandono, os problemas socioeconómicos e os conflitos interculturais, mobilizaram residentes do território e do município, entidades locais e externas para a construção desta candidatura. A pertinência de criar um laboratório de inovação comunitária justifica-se pela necessidade de colocar a comunidade socialmente excluída no centro da cadeia de valor. Numa perspectiva inclusiva, pretende-se capacitar a população ao nível técnico, pessoal e coletivo para que esta possa trabalhar ativamente e colaborativamente com a rede de parceiros na criação de soluções que melhorem a sua qualidade de vida, promovam a higiene urbana no bairro e contribuam para a coesão social. A metodologia proposta visa contribuir para os seguintes resultados: Guia Social Integrado (GSI); Plano de Ação Ambiental Comunitário (PAAC); Plano de Governança Local, (PGL); consolidação do Grupo dos Amigos do Barreiro Velho (GABV) e Plano Conjunto para Sustentabilidade (PCS).
Objetivo geral e justificação
Promover a coesão, dinamização comunitária e a melhoria da higiene urbana. Ativar a conexão entre apoios institucionais e competências locais através de ações participadas e inclusivas que possibilitem a partilha de recursos, ferramentas e conhecimento e mobilizem a comunidade para a criação do GSI. Impulsionar o empoderamento da comunidade através de projetos de inovação comunitária (PICs), criando oportunidades de desenvolvimento de competências técnicas, pessoais e coletivas, partindo do potencial local. Os resultados contribuirão para a cocriação do PAAC de combate à degradação do espaço público e a falta de higiene urbana associado ao estado de abandono, que tem comprometido a saúde comunitária e a imagem do Bairro. Pretende-se, ainda, a capacitação interna da governança local através da ativação, ampliação, e consolidação do GABV para que este se torne um elemento central no desenvolvimento local. Dando continuidade às ações construídas em rede alargada no PCS.
Objetivo específico 1 e justificação
Mapear e identificar a comunidade. Devido aos constantes fluxos migratórios da população no Bairro e falta de dados atualizados, torna-se urgente criar um Mapa dos Comuns, um conjunto de mapeamentos colaborativos dos tangíveis e intangíveis que permitirá: (1) mapear a população, as suas narrativas individuais e coletivas, dando visibilidade às características identitárias do Barreiro Velho, de suas gentes, culturas e saberes, reforçando competências locais, de forma a contribuir para uma imagem positiva das diferentes comunidades que habitam o território, nomeadamente de etnia cigana e africana; (2) identificar espaços expectantes que possam ser dinamizados através do desenvolvimento de projetos de interesse coletivo. O Mapa dos Comuns facilitará o conhecimento aprofundado do Bairro e contribuirá para projetos mais integrados e inclusivos. As entidades intervenientes no Bairro têm um papel fundamental de mediação local nesta fase.
Objetivo específico 2 e justificação
Ligar, motivar e mobilizar a comunidade. O diagnóstico participado verificou falta de coesão, sentimento de abandono e a existência de conflitos com novos moradores - maioritariamente de etnia cigana - que trazem formas distintas de comportamento social, principalmente, no espaço comum. Propõe-se criar contextos e ações que aproximem os cidadãos e promovam o diálogo sobre os desafios do Bairro, tendo em vista a sua resolução. Com a criação do Guia Social Integrado (GSI) pretende-se dar visibilidade à rede de apoios institucionais - que dão resposta a situações de vulnerabilidade nas diferentes áreas – e uma rede de competências locais. Esta articulação irá promover o trabalho em rede e a criação de uma programação de relevância comunitária que pretende reduzir barreiras e fatores de discriminação, fomentar um sentimento de pertença, motivar e mobilizar a comunidade para a construção de soluções conjuntas. O guia será disponibilizado via plataforma digital e em formato de livrete.
Objetivo específico 3 e justificação
Capacitar e Empoderar a comunidade. Tendo em vista a coconstrução de um Plano de Ação Ambiental Comunitário, será necessário perspectivar ações conjuntas e articuladas em rede dentro dos tópicos de intervenção prioritária (educação ambiental, segurança alimentar, saúde comunitária, higiene urbana, economia circular e melhoria do espaço público). Para tal, será necessário empoderar a comunidade através de capacitação ao nível técnico, pessoal e coletivo, apoiando os grupos (multiculturais e intergeracionais) de moradores para o desenho, implementação e gestão de projetos que melhorem a vida em comum, por meio de uma convocatória PICs. A capacitação incluirá o desenvolvimento de competências ao nível da inclusão digital e empregabilidade, em articulação com os programas locais existentes. Desta forma, pretende-se alavancar o sentido comunitário e a cidadania ativa e aumentar a capacidade de escolha e ação dos mais vulneráveis, promovendo uma nova agência de mudança social.
Objetivo específico 4 e justificação
Potenciar a governança. Para além da já referida falta de coesão e da ausência de respostas comunitárias, não existem espaços de governança participada no Bairro. A capacitação da comunidade para a tomada de decisão partilhada e a capacitação do Grupo dos Amigos do Barreiro Velho (GABV) para liderar o processo de coesão comunitária e articulação com os parceiros locais e agentes externos é determinante para a sustentabilidade de uma ação conjunta no território que contribua para melhorar as condições de vida a longo prazo. O GABV, em tempos, grande dinamizador do Bairro, perdeu seu espaço de reunião e vitalidade devido à ausência de uma nova geração de moradores envolvida. O projeto propõe-se ativar, ampliar, capacitar e consolidar o GABV, disponibilizando um espaço comum (sede dos Franceses) e dotando-o de uma caixa de ferramentas (recursos, ferramentas e conhecimentos) que lhe permita em articulação com a comunidade e as entidades locais criar o Plano de Governança Local (PGL).
Objetivo específico 5 e justificação
Consolidar e Celebrar. A cocriação do Plano Conjunto para Sustentabilidade (PCS), que envolverá todos os atores intervenientes no Bairro, pretende estruturar linhas de ação para o ano que se segue ao projeto, partindo dos instrumentos criados - o GSI, o PAAC e o PGL - e dos PICSs. A convocação de assembleias comunitárias vai permitir consolidar a rede e expandi-la (instituições públicas e privadas), perspetivando-se parcerias e apoios a futuras iniciativas comunitárias no Bairro. A sustentabilidade do projeto será assegurada pela consolidação do GABV, enquanto elemento central de governança partilhada e desenvolvimento local; do fortalecimento de um rede local de apoio; da continuidade de programas de capacitação da comunidade em articulação com os parceiros locais e o projeto COMSIGO-CLDS. Acredita-se, assim, numa utilização positiva do espaço público e sua contribuição para a saúde comunitária.
Parceria local
Promotora
SDUB - Os Franceses
Parceira
NÓS - Associação de Pais e Técnicos para a Integração do Deficiente
Augusto Sousa
Grupo Amigos do Barreiro Velho
Município do Barreiro
CFB-Clube de Fotógrafos do Barreiro
Social Tech Makers
MOLA
Iscte - Instituto Universitário de Lisboa
Agarrar Exemplos - Associação de Desenvolvimento e Promoção das Comunidades Ciganas
Divisão de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências, ARSLVT.IP
ATIVA LAB - Experimentação para soluções coletivas locais
União das Freguesias de Barreiro e Lavradio
Território(s) de intervenção
1. Barreiro Velho
Barreiro e Lavradio, Barreiro
Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:
Mau estado das habitações, por deficiente construção, falta de manutenção ou por estarem situadas em territórios afetados por incêndios nos últimos cinco anos
Exiguidade do espaço habitável
Desadequação severa dos espaços comuns
Ventilação e iluminação solar insuficientes ou baixo conforto térmico e acústico
Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:
Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral
Pessoas com poucos anos de escolaridade
Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social
Pessoas indocumentadas, requerentes de asilo, refugiados, apátridas ou em condições semelhantes
Critério 3. COVID-19
Número significativo de pessoas de risco em caso de COVID-19, nomeadamente idosos e portadores de doenças crónicas
Critério 4. Número significativo de pessoas com constrangimentos de acesso a cuidados de saúde, nomeadamente por:
Falta de documentação ou barreira linguística
Falta de capacidade económica para aquisição de medicamentos
Critério 7. Exclusão social
Número significativo de pessoas em situação de exclusão social, isolamento ou abandono, nomeadamente idosos, pessoas em situação de sem abrigo ou vítimas de tráfico
Atividades
1. Quem somos
O Mapa dos Comuns será produzido por meio de oficinas comunitárias conduzidas pelas entidades parceiras. Através de atividades pedagógicas e lúdicas será feito o mapeamento colaborativo dos tangíveis (equipamentos sociais, praças, pontos de acumulação de lixo, espaços de referência, etc) e dos intangíveis (atores, recursos, histórias/narrativas de vida ou do território e competências locais). A atividade será dinamizada em diferentes grupos e os resultados serão disponibilizados digitalmente na página do projeto e fisicamente numa exposição coletiva.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
2. Redes que nos unem
Através de 3 ações de sensibilização e 3 fóruns cívicos de debate/reflexão, pretende-se promover o diálogo e cooperação entre entidades e residentes sobre os tópicos prioritários do Bairro. Esta atividade contribuirá para: clarificar o papel de cada entidade e sua área de atuação; sensibilizar a comunidade em áreas essenciais à melhoria das condições de vida e determinantes na saúde comunitária; fortalecer e valorizar o capital social e humano local. O GSI pretende mobilizar as redes existentes. As ações irão acontecer no espaço comum “Franceses” e serão dinamizadas pelas entidades locais.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
3. A Rua é Nossa
Numa perspetiva inclusiva em termos de género, raça, idade ou condição social, propõe-se criar 3 eventos comunitários onde o espaço público possa ser palco de atividades culturais, desportivas, de recreio e lazer, essenciais à promoção do bem estar, da coesão e sentimento de pertença. Os eventos serão produzidos por meio de oficinas de urbanismo tático, soluções rápidas e de baixo custo que promovam a partilha de recursos, ferramentas e conhecimento objetivando a mobilização comunitária. Será criada uma programação cultural e um banco aberto das soluções produzidas, disponibilizando no GSI.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
4. Projetos de Inovação Comunitária (PICs)
Esta atividade pretende formar grupos de trabalho para a cocriação de projetos, serviços ou ações de interesse coletivo. Por meio de: convocatória PICs; workshops de cocriação e capacitação que apoiarão os grupos no desenho, planeamento e execução de 8 projetos; e convocatória para colaboradores, através da qual os grupos irão partilhar as suas ideias com a rede expandida de atores e entidades, tal como, necessidades de recursos, potencialidades e desafios. Os projetos serão desenvolvidos pelos moradores com o apoio técnico dos parceiros, tendo em vista a sua sustentabilidade a longo prazo.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
5. Nós podemos
A atividade propõe um conjunto de ações de formação: (1) à comunidade, no que respeita a educação para a cidadania e autodeterminação, promovendo a construção de consciencialização e responsabilidade social e (2) ao GAVB, no que respeita ao desenvolvimento de competências de liderança, gestão comunitária e articulação com a rede de atores locais. A atividade inclui partilha de boa práticas entre comunidades de territórios distintos.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade
6. GABV em ação
Pretende-se instaurar as assembleias comunitárias como mecanismo autogerido pelo GAVB, com o compromisso dos parceiros locais em apoiar a sua realização sempre que necessário. Na fase do projeto serão realizadas 4 Assembleias comunitárias, para: (1) Avaliar o impacto do projeto no território; (2) Apresentar os instrumentos criados ao longo do processo - o GSI, o PAAC e o PGL; (3) identificar as linhas de ação comunitária para o futuro, em articulação com a rede local e rede expandida (PCS). O LIC encerra-se com uma exposição final organizada pelo GAVB, celebrando este momento de transição.
Destinatários preferenciais
Toda a comunidade