N. 561/2020

Tipo de projeto e valor máximo de financiamento

Projeto integrado (máximo 50.000 Euros)

Eixos de intervenção em que se enquadra o projeto

Financiamento

Valor solicitado

49.995,00 €

Valor de outros financiamentos

0,00 €

Valor total

49.995,00 €
Mapa de localização da candidatura

Mapa das candidaturas financiadas


Registos

Levantar a pedra para construir Pontes

O projeto visa atenuar o impacto das desvantagens, perdas e perceção de vulnerabilidade e isolamento social das crianças e jovens ciganos , residentes no Bairro dos Ervideiros (2), Esgueira, Aveiro, agravados pelas circunstâncias de crise sanitária e económica. Pretende constituir as próprias crianças e adolescentes, como agentes sociais informados e competentes tecnologicamente, para identificar, documentar, analisar barreiras físicas, materiais, psicossociais, socioculturais e de informação que as afastam dos seus pares e confinam a um território isolado e ambientalmente degradado, que é preciso melhorar. A construção coletiva deste outro papel social, será mediada pelo diálogo com as mulheres, pela revisitação dos percursos de formação interrompidos e da sua capacitação e empoderamento na resolução de problemas domésticos e de espaços comuns que justificam o receio das crianças de regressarem a escola, pelo risco de serem agentes de contágio na família e vizinhança.

Objetivos

Objetivo geral e justificação

Criar condições de reconhecimento, de auto-organização e ampliação das redes de apoio social formal e informal e de recursos das crianças, adolescentes, jovens e mulheres da Comunidade, enquanto atores sociais participantes na superação de condições sanitárias, sócio económicas e sócio ambientais que justificam a interrupção e/ou desinvestimento em percursos de educação, de formação e inserção, agravados pela crise sanitária e económica.

Objetivo específico 1 e justificação

Constituir, dinamizar e capacitar um grupo de crianças e adolescentes que se identifique com a função de catalisadores, interpretes e agentes de difusão e produção de informação e do conhecimento no domínio da promoção da saúde e dos direitos de cidadania social, pela construção coletiva do papel de agentes de promoção da saúde, no bairro e na comunidade em interação com a Cidade. Dos 60 habitantes no Bairro dos Ervideiros, 30 têm idade inferior a 18 anos. Destas apenas 10 frequentam o 1º ciclo e 6 o pré-escolar, numa escola próxima do Bairro, que atende quase exclusivamente a população cigana e cujo acesso é muito dificultado pelo estado de degradação do caminho e pelo desrespeito dos limites de velocidade na via rápida que as crianças tem que atravessar com as avós. Das 8 crianças e adolescentes, que frequentam a Escola situada no centro da freguesia, 7 deixaram de frequentar o 2º ciclo, após o período de confinamento, tendo acesso apenas a algumas ficha entregues pelas Cáritas.

Objetivo específico 2 e justificação

Desenvolver um centro de recursos, com a participação de jovens mediadoras, que funcione como contexto socioeducativo e sociocultural, que enquadre, estimule e sustente o interesse e a necessidade de manter aprendizagens e a participação social das crianças que deixaram de frequentar a escola (pelo risco de contagio comunitário) assim como dos jovens e mulheres que interromperam a escolaridade e percursos (diversos) de formação realizados dentro ou fora dos contratos de inserção.

Objetivo específico 3 e justificação

Apoiar a organização das mulheres do bairro, como figuras de acompanhamento das crianças e adolescentes, na construção e desenvolvimento do papel de agentes de saúde da comunidade, através da revitalização e mobilização de recursos de conhecimentos e competências adquiridas em percursos de educação e de formação interrompidos precocemente ou abandonados, por mudança de residência, de estatuto e posição na família, por funções domesticas ou emprego, questões de saúde ou de outra natureza. 22 têm idades compreendidas entre os 19 e 29 anos, a maioria interromperam percursos de educação e de formação; grandes dificuldades de emprego devido a baixa escolaridade e estigmatização social; acesso ao RSI fortemente condicionado. 6 têm problemas com a justiça; 4 dos 6 reclusos são mulheres com filhos com idade escolar e pré-escolar que estão ao cuidado das avós, que residem no Bairro e que têm dificuldades económicas e de saúde. Coabitam a casa dos primos o que lhes garante bom suporte dos seus

Objetivo específico 4 e justificação

Criar dinâmicas de formação, de intervenção no Bairro e de interação com agentes dos serviços públicos da Cidade, que altere a perceção de enclausuramento comunitário, de distancia das instituições e dos agentes, nas circunstancias de desproteção e exclusão social e aumente os recursos pessoais e comunitários para lidar com o risco de contágio e de agravamento das circunstancias de privação de bens essenciais (alimentação, acesso a medicamentos, habitação, habilitação para o emprego e proteção social ). Enquanto lugar de habitação o Bairro é um espaço onde se concentram e potenciam vários fatores adversos à saúde física, mental e social, à convivência e ao investimento na mobilidade e inserção social. A população, que é constituída por 10 agregados, que descendem da mesma família, vive a ameaça de expropriação do terreno que não conseguem acabar de pagar, devido as circunstancias de privação e precariedade social e económica que as afeta.

Objetivo específico 5 e justificação

Apoiar a concretização de projetos de resolução de problemas identificados pelas mulheres e crianças como limites de proteção e promoção da saúde no espaço domestico e espaços comuns do bairro, pela disponibilização de recursos materiais, formação especifica e valorização pública da sua competência, resiliência e identidade social como membros da Família e Comunidade, como moradores do Bairro, da Freguesia e da Cidade. Residências exíguas, algumas têm telhados em fibrocimento sem placas, infiltrações nas paredes e telhados; a maioria não tem portas interiores e vidros nas janelas. Desde que o Bairro deixou de ter a recolha do lixo, o ambiente envolvente tornou-se insalubre e a população queixa-se de uma infestação de ratos. A horta deixou de ser cultivada desde o inicio da infestação dos ratos, associado a acumulação do lixo. A zona comum, onde as crianças brincam, está degradada pela movimentação dos carros, degradação do pavimento e existência de estrutura (garagem?) em risco de ruir

Parceria local

Promotora

Bela Vista - Centro Educação Integrada

Parceira

Junta de Freguesia de Esgueira
Agrupamento de Escolas de Esgueira
AEVA - Associação para a Educação e Valorização da Região de Aveiro
Mon Na Mon - Associação de Filhos e Amigos da Guiné-Bissau
DCTR - ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Universidade de Aveiro
Unidade de Saude Publica
Instituto Paulo Freire de Portugal
Casa da Esquina
Associação Cultural e Recreativa de Vale Domingos
Cáritas Diocesana de Aveiro
EAPN - Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal
Isabel Cunha Gil
ADACE - Associação de Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira

Território(s) de intervenção

1. Bairro Cigano dos Ervideiros

Esgueira, Aveiro
Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:
Mau estado das habitações, por deficiente construção, falta de manutenção ou por estarem situadas em territórios afetados por incêndios nos últimos cinco anos
Exiguidade do espaço habitável
Desadequação severa dos espaços comuns
Deficientes condições de acesso ao abastecimento de água, saneamento e energia, designadamente em áreas de génese ilegal
Ventilação e iluminação solar insuficientes ou baixo conforto térmico e acústico
Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:
Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral
Pessoas com poucos anos de escolaridade
Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social
Critério 3. COVID-19
Número significativo de pessoas de risco em caso de COVID-19, nomeadamente idosos e portadores de doenças crónicas
Critério 4. Número significativo de pessoas com constrangimentos de acesso a cuidados de saúde, nomeadamente por:
Falta de capacidade económica para aquisição de medicamentos
Critério 6. Número significativo de crianças e jovens em idade escolar a não frequentar a escola ou com elevada percentagem de insucesso, nomeadamente por:
Abandono escolar
Falta de condições para aceder ao ensino a distância
Critério 7. Exclusão social
Número significativo de pessoas em situação de exclusão social, isolamento ou abandono, nomeadamente idosos, pessoas em situação de sem abrigo ou vítimas de tráfico

Atividades

1. Constituição do grupo de crianças e adolescentes como agentes promotores da saúde no Bairro e na Cidade

Reunião, duas vezes por semana e desenvolvam a sua ação, como investigadores, educadores ou agentes de cuidado da saúde dos grupos mais vulneráveis ao risco de saúde, com o apoio supervisionado de duas jovens a contratar como mediadoras do Bairro.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Mulheres

2. Ativação da rede de parceiros como consultores das crianças como agentes de promoção da saúde da comunidade

Facilitação de contactos (presenciais ou a distancia) entre as crianças e atores institucionais para o planeamento e realização de sessões de sensibilização e visitas a serviços e espaços públicos da freguesia e da Cidade com especial valorização e intensificação da interação com a escola.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Jovens (18 a 24 anos), Mulheres, Toda a comunidade

3. Encontros entre as Mulheres para reapropriação de recursos de conhecimento

Apresentação do trabalho realizado pelas Crianças como ponto de partida para o diálogo sobre os recursos de conhecimento úteis à resolução de problemas, adquiridos (i) através da experiencia de vida (ii) como “ saberes de receita” na memória da comunidade (iii) pelos media (televisão, revistas e jornais) (vi) no contacto com os serviços públicos (v) na escola (vi) em outros contextos e percursos de formação (concluídos e interrompidos).
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Mulheres, Famílias

4. Capacitação das crianças no uso de formas de expressão e comunicação corporal e social

1º Oficina: introdução ao teatro do oprimido e realização de um teatro fórum 2ª Oficina: compreensão e empatia com a dança como forma de expressão artística e revitalização cultural 3ª Oficina: educomunicação e uso de vídeos participativos 4ª oficina: construção de Path (planeamento centrado na pessoa e comunidade) com recurso a expressão plástica
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Mulheres

5. Formação para a construção de Jardim e revitalização da Horta Comunitária

Formação e disponibilização de meios de reconstrução, cultivo e produção de alimentos e flores tendo em vista a melhoria da qualidade da alimentação e a criação de saberes e recursos facilitadores da participação no Mercado de trocas entre crianças
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Adultos (25 a 64 anos), Toda a comunidade

6. Comunicação entre espaços-tempo para a construção de pontes e horizontes

Realização fóruns organizados com as crianças, mulheres e conselheiros/parceiros:1º : Diálogos sobre a saúde do Bairro dinamizados a partir da exposição das fotografias e enriquecidas com textos de opinião e noticias do jornal; 2º : Diálogos dinamizados a partir da exposição de fotografias e vídeos participativos e noticias da comunidade. 3º: Diálogos dinamizados em ambiente de feitura de "arroz colaborativo", exposição dos PATHS, da genealogia da família e inscrição da mesma no espaço e na historia da Cidade. Discussão de proposta de criação de Associação Infanto Juvenil.
Destinatários preferenciais
Crianças (0 a 17 anos), Mulheres, Toda a comunidade