N. 704/2020

Tipo de projeto e valor máximo de financiamento

Projeto integrado (máximo 50.000 Euros)

Eixos de intervenção em que se enquadra o projeto

Financiamento

Valor solicitado

49.670,00 €

Valor de outros financiamentos

0,00 €

Valor total

49.670,00 €
Mapa de localização da candidatura

Mapa das candidaturas financiadas


Vida Melhor

Assente no pressuposto que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas antes um conceito de qualidade de vida, este projeto procura intervir na exclusão social e nas desigualdades existenciais e vitais existentes nos Bairros da Torre, Cruz da Guia e Assunção (União de freguesias Cascais e Estoril, concelho de Cascais), com base numa perspetiva multidimensional do envelhecimento e da deficiência, que compreende os fatores biológicos e existenciais, procurando-se atingir um equilíbrio vital e psicológico do ser. Reforça-se a necessidade de cuidar do idoso e da pessoa no seu todo e prioriza-se a saúde e as solidariedades enquanto elementos constitutivos de laços sociais que garantem a participação dos idosos e adultos com deficiência na comunidade. Os efeitos negativos da pandemia vieram acentuar o isolamento deste público e as dificuldades no acesso aos serviços, revelando-se de suma importância desenvolver ações que contribuam para a saúde, envelhecimento ativo e engajamento social.

Objetivos

Objetivo geral e justificação

Em 2011 o índice de envelhecimento fixava-se nos 153,4 no Estoril (Censos) e nos 141,4 em Cascais, acima do nacional (127,8). Mais de um terço dos idosos do concelho (35%) residem na freguesia Cascais-Estoril (12.899 pessoas) e representam 20% da população. As famílias clássicas unipessoais com 65 e mais anos concelhias têm a sua maior expressão na freguesia existindo 3.149 idosos a residirem sozinhos (dos quais 1.779 têm 75 e mais anos). Em 2015, cerca de 651 idosos recebiam o Complemento Solidário para idosos, o que corresponde a 5% dos residentes na freguesia. No domínio da incapacidade afere-se que 13% da população da freguesia tem pelo menos 1 dificuldade em realizar ações da vida diária. Assim, o projeto ora submetido tem como objetivo geral 'Promover o envelhecimento ativo e estilos de vida saudáveis dos idosos e pessoas com dependência residentes no território garantindo o acesso à informação, aos serviços de saúde e a programas especializados, adequados às suas especificidades

Objetivo específico 1 e justificação

Mediar a relação entre a população e os serviços sociais e de saúde existentes no território. O território onde se pretende intervir está marcado por um processo de envelhecimento acentuado ao qual acresce uma extrema vulnerabilidade a fenómenos de pobreza e exclusão social. A maioria das entidades que atua no domínio da saúde a nível concelhio (67%) considera que os seus beneficiários sentem dificuldades no acesso a cuidados de saúde devido, sobretudo, à perda de autonomia e carência económica. Salienta-se, ainda, a dificuldade no acesso a cuidados de saúde primários por parte da população com dificuldades de autonomia, ao nível da saúde e higiene, bem como da realização de exames e consultas de forma autónoma (Diagnóstico Social de Cascais). A estas dificuldades acrescem as impostas pela pandemia COVID-19, em particular entre idosos e doentes crónicos (GFK Metris, 2020), revelando-se crucial investir na mediação entre estes grupos sociais e os serviços de saúde locais.

Objetivo específico 2 e justificação

Criar serviços de saúde de proximidade adequados ao envelhecimento e dependência. Do total de pessoas com 65 e mais anos residentes na freguesia em 2011 as seguintes percentagens tinham muita dificuldade ou não conseguiam: ver (17%); ouvir (13%); incapacidade total de memória ou concentração (15%), tomar banho ou vestir-se sozinhos (13%); compreender os outros ou fazer-se compreender (8%); andar ou subir degraus (24%). Destes últimos 1.101 vivem em prédios não acessíveis a cadeiras de rodas e 1.113 em prédios sem elevador. Mais, 433 pessoas entre os 15 e os 64 anos com muita dificuldade ou incapacidade de andar ou subir degraus residem em prédios não acessíveis e 405 habitam em prédios sem elevador. Face às solicitações que entram nas instituições locais, e uma vez que a reabilitação não tem uma representação suficiente na rede de cuidados primários (APFISIO, 2017), revela-se fundamental garantir o apoio domiciliário ao nível da reabilitação e terapia ocupacional a estes grupos sociai

Objetivo específico 3 e justificação

Combater o isolamento e promover o envelhecimento ativo e os estilos de vida saudáveis. No Diagnóstico Social de Cascais constata-se que uma % significativa dos idosos nunca ou raramente usufrui de atividades físicas, culturais ou de lazer. Frequentam pouco espaços públicos e perto de um quarto afirma não ter ninguém com quem partilhar questões da vida privada. De salientar que as patologias de Saúde Mental ocupam o 1º lugar da lista dos principais problemas de saúde da população concelhia. Por outro lado, a pandemia COVID-19 veio acentuar o seu isolamento social, mesmo dos que não vivem sozinhos, revelando-se fundamental mobilizar um conjunto de recursos que permitam aos idosos manterem-se ativos, engajados na comunidade e saudáveis, quer através da prática de exercício físico e da estimulação cognitiva e motora, quer através do acesso a informação, quer através da sua participação na identificação das necessidades (individuais e coletivas) e possíveis soluções para as colmatar.

Objetivo específico 4 e justificação

Cuidar dos cuidadores informais dotando-os de competências para o cuidado de qualidade e promovendo a sua saúde mental. Em Portugal, não existem dados oficiais quanto ao número de cuidadores informais, mas a estimativa é de 827 mil cuidadores (Eurocarers). Os cuidadores informais experienciam desafios significativos na prestação do cuidado, quer em termos do próprio cuidado, quer em termos do stress a que estão sujeitos. Verificando-se que nos bairros onde se pretende intervir não existem respostas específicas para os cuidadores informais revela-se fundamental criar uma rede local de apoio que permita capacitar os cuidadores para apoiarem a pessoa cuidada; prestar informações, aconselhamento e orientação; e criar espaços que promovam a autoajuda, a troca de experiências e a construção de uma “voz comum” para a sua valorização e defesa dos seus direitos.

Parceria local

Promotora

Clube Gaivotas da Torre - Associação Juvenil

Parceira

União das Freguesias de Cascais e Estoril
Município de Cascais
Associação de Moradores dos Bairros da Torre e Cruz da Guia

Território(s) de intervenção

1. Bairros da Torre, Cruz da Guia e Assunção

Cascais e Estoril, Cascais
Critério 1. Condições de habitabilidade deficientes ou precárias, nomeadamente:
Ventilação e iluminação solar insuficientes ou baixo conforto térmico e acústico
Critério 2. Número significativo de moradores com rendimentos baixos ou muito baixos, nomeadamente:
Pessoas em situação de desemprego, lay-off ou precariedade laboral
Pessoas com poucos anos de escolaridade
Pessoas abrangidas por prestações e apoios do subsistema público da ação social
Pessoas indocumentadas, requerentes de asilo, refugiados, apátridas ou em condições semelhantes
Critério 6. Número significativo de crianças e jovens em idade escolar a não frequentar a escola ou com elevada percentagem de insucesso, nomeadamente por:
Falta de condições para aceder ao ensino a distância
Critério 7. Exclusão social
Número significativo de pessoas em situação de exclusão social, isolamento ou abandono, nomeadamente idosos, pessoas em situação de sem abrigo ou vítimas de tráfico

Atividades

1. Georreferenciação

Visa-se georreferenciar idosos isolados e/ou que habitam com outros da mesma idade e/ou pessoas em situação de dependência, residentes nos bairros da Torre, Cruz da Guia e Assunção, com o intuito de identificar as suas necessidades e definir estratégias de intervenção, adequadas às especificidades de cada qual e que podem passar pelo encaminhamento para respostas do projeto ou para outros serviços da parceria local. Numa primeira fase serão contactadas as pessoas já referenciadas nas Gaivotas, procedendo-se, em simultâneo, à divulgação desta resposta junto dos parceiros e da comunidade.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

2. Mediar a Saúde

Pretende-se facilitar o acesso dos idosos e/ou pessoas em situação de dependência aos cuidados de saúde, nomeadamente através do acompanhamento a consultas médicas, aquisição de medicação e entrega em casa, e apoio na toma da medicação. Sabendo-se que ir a consultas médicas sozinho pode constituir um desafio para este público (quer a nível físico, quer em termos da apreensão da informação transmitida) e que o acesso a serviços de saúde se encontra deveras condicionado pela pandemia, pretende-se garantir o acompanhamento e mediação com o intuito de garantir o acesso aos cuidados básicos.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

3. Reabilitação no domicílio

Pretende-se proporcionar serviços de fisioterapia/terapia ocupacional e psicologia no domicílio a idosos e pessoas com incapacidade, promovendo-se a realização de um plano de tratamento e recuperação individual, em articulação com os técnicos de saúde que acompanham os indivíduos. Esta atividade permitirá ativar um conjunto de recursos de bem-estar de proximidade que permitem fomentar a qualidade de vida em termos físicos, psicológicos e sociais e que visam identificar e colmatar as necessidades sentidas pelo grupo-alvo.
Destinatários preferenciais
Adultos (25 a 64 anos), Famílias, Pessoas com deficiência

4. Apoio Psicológico

Doenças como a depressão e ansiedade aumentaram significativamente devido à pandemia. Esta atividade permitirá, através de várias metodologias, identificar o tipo de sentimento e a sua origem (isolamento, medo da contaminação, luto que não foi possível realizar, entre outros) e, através do apoio psicológico, no domicílio ou em consultório, encontrar as estratégias para lidar com estas emoções e redefinir padrões de comportamentos individuais eficazes para anular os efeitos negativos destes sentimentos, como por ex. delinear rotinas ou encontrar novas formas de comunicação com família e amigos.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

5. Capacitação de Cuidadores Informais – Programa de Formação

Pretende-se implementar um programa de capacitação de cuidadores informais com o intuito de os dotar de conhecimentos sobre os cuidados individuais e especializados à pessoa idosa e/ou dependente, de os informar sobre os recursos existentes na comunidade e de os apoiar na gestão do stress e minimização de riscos no campo da saúde mental. Será criado e dinamizado um programa de formação de 50 horas que pretende abranger 15 pessoas, sendo que os materiais que serão criados serão disponibilizados online e estarão acessíveis a toda a comunidade.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

6. Atividade Física e Estilos de Vida Saudáveis

Pretende-se desenhar planos de treino adaptados e individualizados, com base no levantamento das expectativas, gostos e motivações do público-alvo, que poderão incluir caminhadas, exercícios de mobilidade articulada, pilates ou QiGong. Os planos serão orientados para a realização no domicílio e com materiais comuns, acautelando-se o acompanhamento através de contactos telefónicos e online regulares. Existindo condições serão dinamizadas atividades coletivas. Será criado um plano geral, direcionado para as pessoas com 65 e mais anos, a ser amplamente distribuído por parceiros e comunidade.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

7. Kit de estimulação cognitiva

A estimulação cognitiva e motora complementa a atividade física visando a melhoria do desempenho e, por consequência, da performance na execução das atividades de vida diárias. Pretende-se criar um Kit que possa ser utilizado em casa, a distribuir pelo público-alvo, pelos parceiros e comunidade, com um conjunto de atividades e jogos diversos que trabalhem funções cognitivas que permitam desenvolver a atenção, concentração, equilíbrio, memória, lateralidade, tónus, ritmo, perceções, coordenação motora, organização espaço-temporal, raciocínio e sequências lógicas.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

8. Biblioteca em Casa

Os benefícios da biblioterapia com idosos têm sido enfatizados por diversos autores destacando-se o desenvolvimento da imaginação, criatividade, memória, autonomia e autoestima. Algumas experiências registam o reajustamento ocupacional da velhice, a atualização, a melhoria do quadro psíquico e mental, a minimização de problemas emocionais e a diminuição dos quadros de ansiedade e depressão (Ferreira, 2013). Pretende-se, então, articular com a Biblioteca Municipal e levar os livros a casa mediando a requisição, levantamento e entrega, com o intuito de facilitar o acesso e incentivar à leitura.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

9. Caça-talentos

Esta atividade passa por descobrir o conhecimento que cada pessoa tem em determinada matéria e de que forma se poderá transmitir esse conhecimento a outras, seja através das artes, da música, da culinária, da leitura, entre outros. Esta atividade permitirá ir ao encontro do que cada um tem de melhor e partilhá-lo. Pretende-se constituir um portfólio que seja possível distribuir ao domicílio de outras pessoas, partilhar nas redes sociais, fomentando a participação dos cidadãos nesta partilha comunitária.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Famílias, Pessoas com deficiência

10. (In)formação

Pretende-se transmitir informação sobre assuntos relacionados com estilos de vida saudáveis e envelhecimento ativo, mas também sobre a prevenção de doenças e sobre as normas e orientações da DGS, no âmbito da COVID 19 e outras doenças de notificação obrigatória. As ações passam pela criação de materiais didáticos informativos que serão disponibilizados ao público-alvo, população e parceiros e cujos temas serão escolhidos por todos os envolvidos, mediantes as necessidades de informação que vão sendo detetadas. Se possível serão realizados encontros presenciais em formato de tertúlia.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Famílias, Pessoas com deficiência

11. Advocacia

Considerando que esta resposta vai permitir abranger um conjunto significativo de pessoas que não são atualmente acompanhadas pretende-se aproveitar a oportunidade para, ao longo do projeto, dinamizar o envolvimento dos utilizadores dos serviços na definição dos desafios com que se defrontam e na identificação das forças e capacidades que podem aplicar na resolução desses mesmos desafios, com o intuito de estabelecer um trabalho colaborativo que conduza à apresentação de propostas e que promovam o seu envolvimento ativo nos processos de decisão que os afetam.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Famílias, Pessoas com deficiência

12. Monitorização e avaliação

Prevê-se a monitorização e avaliação do projeto, assente em metodologias participadas que envolvam todos os stakeholders, de modo a obter uma visão global e a encetar em tempo útil medidas corretivas. Focando os objetivos a atingir, serão adotados métodos quantitativos e qualitativos de recolha de informação (inquéritos de avaliação da satisfação, conversas informais, reuniões semanais de equipa) que permitirão realizar a monitorização do plano de ação, aferindo o seu grau de cumprimento, as principais dificuldades e benefícios das atividades e a necessidade de eventuais reformulações.
Destinatários preferenciais
Idosos (65 e mais anos), Adultos (25 a 64 anos), Famílias, Pessoas com deficiência