Uma criação colétiva: Nouka Doce.
Uma criação colétiva: Nouka Doce.
A Mourada de Todas e Todos

Nouka Doce

Formação leva a Novo Produto Local na Mouraria

O novo produto, que afinal são dois (esperem, já lá vamos…), que nasceu foi criado por um grupo de mulheres imigrantes do Bangladesh que participaram num workshop que trabalhou a economia local, e cruza conceitos e sabores que neste caso reflectem a origem indo-asiática, mas também o país de acolhimento, num produto que se quis com história mas também ético, local, solidário, vegetariano e até halal, pois claro.

Vamos lá então ver se nos entendemos. O Projecto A Mourada de Todas e Todos, um dos projectos financiados pelo programa Bairros Saudáveis tinha como uma das suas propostas principais trabalhar a economia local, através da criação de um ou mais produtos locais, na lógica de estes produtos serem não só ferramentas de capacitação e conhecimento mas igualmente mais-valias económicas efectivas potenciais para as comunidades.

O trabalho foi resultado de uma criação em conjunto.
O trabalho foi resultado de uma criação em conjunto.

Para a criação destes produtos foi desenhada uma formação muito específica uma vez que, como explica Rui Guilherme, coordenador de projecto, “Não se estava a fazer formação típica em empreendedorismo para se descobrir o produto ou serviço adequado, aqui punha-se a questão um pouco ao contrário, havia este convite para criar o produto e nesse caminho de descoberta fazia-se então a capacitação através da criação do modelo de negócios e desses aspectos mais técnicos, mas sempre de forma colectiva e muito focada e não abstracta”. Sendo que muitas características estavam definidas a priori, como o facto de se tratar de um produto e não de um serviço, e de o mesmo ser da àrea da gastronomia.

Ainda que não desenhado originalmente para um grupo de mulheres quando foi concebido, o projecto acabou por um diagnóstico que identificava o empreendorismo no feminino como um aspecto de relevo, dadas as comunidades às quais se dirigia. Esta opção terá sido “validada, quer pelos diferentes responsáveis de entidades representativas da comunidade e líderes da mesma, quer, talvez de suprema importância, pelas narrativas que o próprio grupo de mulheres nos trouxe no decorrer do processo, confirmando as dificuldades que as mulheres de facto enfrentam quando procuram desenvolver actividades ligadas ao foro económico e fazer de alguma forma remunerar o seu tempo e esforço”.

Todos a participarem.
Todos a participarem.

O novo produto, um doce que surge de uma viagem pelos acontecimentos que ligam Portugal ao mundo, reflecte sabores asiáticos e nacionais, mas acaba por se inspirar no formato de um conhecido doce brasileiro, o brigadeiro. O mesmo coordenador explica que “para quem vem de fora este doce é naturalmente entendido como nacional, mas acabámos por reunir ainda mais mundo ligado a Portugal, neste caso o Brasil, neste vai-vem cultural que já estávamos a explorar, de uma forma muito engraçada”.

O nome do novo produto é Nouka Doce, proposto pelo grupo de formação, sendo que os noukas são barcos de rio do bangladesh que fazem a ligação entre as margens transportando pessoas e mercadorias.

Os Nouka Doces têm vindo a ser testados em vários sabores, estando a ser decidido quais os seleccionados, já que a sua apresentação futura se deverá fazer em conjunto. Para além deste doce o grupo criou ainda um salgado de tipo aperitivo (snack para comer com dip), o qual não foi ainda baptizado.

Uma cozinha com várias influências.
Uma cozinha com várias influências.

O grupo de trabalho viu o seu trabalho enquadrado por Vantentin Krantz e Cláudia Pedra, da conceituada consultora Stone Soup, tendo sido preparado um plano de negócios ajustado ao produto encontrado bem como encontradas as melhores formas de organização para uma futura entidade que possa permitir que o Nouka Doce venha a ser provado pelo maior número de pessoas possível.