A despedida do bairro
Um novo começo para a comunidade do bairro da Torre
Faz-se a diferença com os poucos recursos, na vida de novas famílias e pessoas carenciadas que chegam até à Associação e faz-se a diferença na vida de alguns residentes antigamente na Torre com necessidade do nosso apoio.
O projeto ‘Dar as Mãos – Futuro Saudável’ tem permitido continuar o trabalho da Associação Torre Amiga, apesar de todos os acontecimentos que se têm sucedido. Para além da transição dos ex-moradores da Torre para os novos lugares, sucede-se a recuperação da pandemia covid-19, as mudanças na Câmara Municipal de Loures e a subida do custo de vida após o início da guerra na Ucrânia.
Tem sido um desafio grande o trabalho de uma associação de moradores num bairro que está praticamente no fim.
Com a demolição da sede, começou a utilizar-se de forma partilhada e com regularidade, as instalações da Associação Jovem Despertar, onde se tem realizado o armazenamento e distribuição dos bens alimentares e outros bens doados, bem como se tem realizado neste local a atividade da costura e o convívio entre a comunidade.
A atividade da sede e da cozinha comunitária recomeçou num espaço provisório próximo do bairro, na residência da presidente, no Bairro da Care. A atividade da horta passou a acontecer no lado poente do bairro enquanto a última família permanece. Sem o espaço da Jovem Despertar e o espaço provisório para a sede e para a cozinha teria sido difícil a realização das atividades do projecto, dado a falta de espaços disponíveis e o preço elevado das rendas.
Tentou-se conseguir um maior apoio da câmara, mas as mudanças com as eleições autárquicas de setembro de 2021 apenas criaram alguma serenidade a meados deste ano de 2022 Deu-se continuidade aos trabalhos com as condições possíveis.
Chegam à Associação pessoas residentes em Camarate, com necessidades ao nível alimentar, mas também necessidades de convívio, o que tem contribuído para a transformação da nossa comunidade.
Organizou-se um evento e uma reunião geral para manter a comunidade unida, mas ainda não foi o suficiente. O esforço da parte da comunidade e da parte da administração para haver a união da Torre não tem sido suficiente, principalmente neste momento em que a distância entre as pessoas é maior.
Para poucos ex-moradores, com os quais se tem mantido contacto, temos garantido o apoio em bens alimentares e em refeições diárias, bem como o apoio com a documentação e articulação com os serviços sociais para uma melhor transição de residência.
Tem sido um apoio material que garante a sobrevivência, mas também por vezes uma palavra reconfortante no momento menos fácil.
Uma parte das famílias e pessoas a quem se tem ajudado com a alimentação, revelam ir até à Associação pelo convívio e ao mesmo tempo conseguir também algum apoio importante em bens para aliviar a suas despesas mensais e outra parte diz gostar do trabalho da presidente e da sua comida, por estar muito saborosa e económica.
O futuro do projeto e da Associação é ainda incerto. De momento, a presidente pretende dar continuidade à cozinha comunitária e a vice-presidente irá dar continuidade ao projecto de costura já iniciado.
Para a presidente, estas atividades de serviço às pessoas carenciadas são importantes. É a sua missão, pelo que irá continuar a fazer o que já faz, “alimentar a boca e a alma das pessoas, para salvar vidas”, segundo a própria.
Para a vice-presidente, a atividade da costura e da horta são a sua dedicação e prazer, para poder alimentar melhor a si e à sua família e poder continuar a fazer o que gosta, melhorando as condições de vida durante o processo de realojamento atualmente em curso.
Será realizado antes de terminar o projeto Bairros Saudáveis, um evento anual organizado habitualmente pela Associação, a Festa de Nossa Senhora de Madre Deus, permitindo os ex-moradores do bairro se reverem e realizar-se uma despedida feliz do bairro, com o seu fim cada vez mais próximo.